No mundo da blogosfera, todos nós, unidos num só mundo .Seja bem vindos e volte sempre! Rejane

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O "FOGO" QUE TRANSFORMA, PASSA PELO INVARIÁVEL "ATRITO"


 http://laravazz.files.wordpress.com/2009/10/fsdfsdg.jpg


Por : Denise B. l. Araújo


Do Blog :

http://paposdeconsultorio.blogspot.com/





"Milho de pipoca que não passa pelo fogo, continua a ser milho de pipoca para sempre."


Rubem Alves foi muito feliz ao construir essa analogia simples (são as melhores!). A dureza de coração e a rigidez das atitudes, machucam muito mais quem está na ação. E poucas das pessoas que estão "se quebrando" pelo contato hostil na relação que estabelecem com a vida, percebem. Conservar o rigor nas crenças e manter a rudeza própria de quem age subordinado à rijeza dos juízos de valor que não sofreram as transformações pedidas pela própria vida, evidencia que está em atrito, entretanto, não está atritando-se construtivamente.

Atritar-se, como o psicólogo e antropólogo Roberto Crema sugere tão apropriadamente em seu texto "Atritos", é polir a si mesmo através do contato com as pessoas, pois sem a existência do outro não acontece a nossa própria. Somos seres em constante relação, e estas, nos transformam, mudam nossos sentimentos, alteram nossas atitudes, modificam nossas ações. Isto é crescer, atritando-se saudavelmente, compreendendo o processo de mudança permanente a que estamos sujeitos. O aprendizado acontece nas interações, que acabam por revelar aspectos e características que fomos construindo e agregando ao longo da caminhada. Como somos humanos, cometemos enganos, equívocos e erros. E são eles que nos impulsionam a crescer, pois cobram seu preço de alguma maneira, e a mudança interior, que vem pelas mãos de nossos sentimentos, nos levam em algum momento à mudança externa de comportamentos.

A retaliação que cada um faz acerca de si mesmo, mostra que está em atrito (conflito) pessoal, marcando a existência com pensamentos destrutivos, decrescendo na caminhada da vida e infeliz, porque se cerca do negativo, da desesperança, do amargor resultante de si mesmo. Ainda pior acontece em relação ao outro, cujos julgamentos tendem a ser ásperos e duros, em que um involuntário esquecimento da condição humana - da qual também faz parte - conduzem às inevitáveis atitudes de cobrança que obedecem às avaliações e conceitos que seguem a mesma inflexibilidade, construídos a partir de significados que não se dobram mesmo diante dos próprios enganos. Ser "milho" para sempre é não permitir que o fogo da vida - todas as situações de estresse, sofrimento, decepções, frustrações e dores - lapide as emoções, reavalie conceitos, reveja a si e ao outro sob olhar complacente, tolerante. É escolher ser o fel que amarga a existência, a energia que não flui porque fica represada nos entulhos que carrega: rancor, ódio, mágoa. Desta forma fica impossível ver a vida sob lentes mais promissoras, em permanente oposição aos pensamentos transformadores, que invarialvelmente produzem resultados mais amenos, deixando a si mesmo e seus pares, pessoas mais preparadas para absorver o aspecto inebriante e encantador da vida, aquele que trás significado, sentido e sublimação.

Será que todo o fogo que já aqueceu tremendamente nossos grãos de milho ainda não foram suficientes? Os atritos que apenas quebram e machucam sem nada transformar além da forma externa, não tocaram ainda nas feridas internas?

4 comentários:

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Oi amiga. Gostei deste blog e do título também. Você é sempre muito original e talentosa.
É verdade. Ninguém disse que a vida seria fácil. São tantos os obstáculos, dores... Devemos entender tudo isso como aprendizado, evolução. Beijos e fique com Deus.

EXPEDITO GONÇALVES DIAS disse...

Rejane, você foi muito feliz na concepção deste blog. Sempre lemos algo profundo e bem elaborado e e a gente diz: por que não pensei nisso antes?
Eu tenho uma seção o blog dos autores que mexem comigo. E uma seção 'Mande a Sua' onde recebo colaborações. Mas aqui é diferente. Este texto do Rubem Alves (aliás, tudo dele) fala de uma questão crucial. O fogo é aquela condição em que somos obrigados a sair da zona de coforto, criando o atrito interno e explodindo, passando para uma condição melhor, outra dimensão do pensamento e do ser. De milho a pipoca. Simples assim!
Meus comentários são curtos. Mas me empolguei! Descupe. Deixo um grande abraço.

Anônimo disse...

Oi Rejane

Maravilhoso texto, nos pede para refletir, poderei compartilhar no meu Blog, com os devidos créditos, é importante que as pessoas leiam.

Adoro todos os seus Blogs, já virei sua fã, e olha que a conheci ontem, rs.. vc realmente faz a diferença, por tudo que eu já li, tudo muito interessante, Parabéns.

Obrigada por me seguir.

Super Beijo.

Denise Araujo disse...

Uma unica frase do fantástico Rubem Alves propiciou o desenvolvimento desta reflexão, também compartilhada por este teu espaço maravilhoso, cuja iniciativa foi uma ideia brilhante tua!

Obrigada por divulgar meu texto, querida. Compartilhando, ampliamos o campo de troca, não é?
Um beijo!