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domingo, 11 de março de 2012

Toalhas azedas








Por: Eduardo Varandas Araruna


Do blog: http://eduardovarandas.blogspot.com/



A Sociologia diz que o homem é um ser gregário: busca grupos, tanto quanto outros espécimes do reino animal. Contudo, além de ter a necessidade de viver em bandos, o homem é um ser afetivo. É exatamente esse atributo que o torna diferente, até mais intrigante e problemático que as demais criaturas de Deus. Mirando os relacionamentos humanos, vejo como tudo está banalizado pela voragem de um mundo prático, materialista e utilitário. Pessoas entendem-se, atam-se e desatam-se numa fração de segundo. Nascem enlaces e desenlaces, como se, no século da pressa, o amor, sentimento mais puro e abstrato da alma, pudesse ser concebido, digerido e expelido na mesma velocidade de um sanduíche de “fast food”.

Mesmo nos relacionamentos duradouros, o sentimento de renúncia é raro. Explico: viver a dois implica, antes de tudo, renunciar. É o desprendimento dos nossos anseios exclusivamente pessoais, para, deixando de ser um todo solitário, tornarmo-nos apenas a metade de uma unidade amorosa chamada “casal”.

Imperioso é deixar de conjugar os verbos na primeira pessoa do singular (“eu”), para exercer a difícil arte de utilizar o pronome “nós”, procedendo, de idêntico modo, quanto a todos os possessivos: o “meu” passa a ser o “nosso”, tanto quanto o “teu”.

Viver um casal é mais que uma necessidade psicológico-afetiva, é um sublime talento que exige, muitas vezes, o que os neurolinguistas chamam “inteligência emocional”. É preciso aprender a ceder, baixar a cabeça, enrijecer, negar, revelar, confessar – tudo feito no tempo certo e tendo, como norte exclusivo, a harmonia e a saúde do enlace afetivo.

Penso que o orgulho é inimigo capital do amor. Não estou aqui pregando que alguém se deva anular em favor de outrem. O amor próprio é pressuposto essencial, para gostar de alguém. Ninguém que não ama a si mesmo será capaz de amar o semelhante. Entrementes, a excessiva altivez e a soberba pessoal, em detrimento do companheiro, é injeção letal.


É fácil negar. Mais comum ainda é tentar fazer prevalecer a ideologia e os valores isolados de um, em detrimento do casal. Amar pressupõe respeito e, sem este, qualquer relacionamento redundará em paixão, admiração ou fanatismo; o amor, todavia, deixa de ser alimentado e tornar-se-á inexistente.


A verdade é que as pessoas mais se digladiam, que se amam, e, não raro, quando o relacionamento acaba, os ex-amantes tornam-se inimigos capitais. Quando isso acontece, a etapa vivida a dois é resvalada no ralo do esquecimento, e as sementes oriundas de um relacionamento findo são vomitadas em um novo “amor”, também tendente ao mesmo desfecho trágico e precoce do anterior.

Ter um amor legítimo é uma preciosidade. Não recebe o devido valor, quando é presente, mas, quando se o perde, o desespero bate à porta. O pior de tudo é o sentimento de culpa, por não ter lutado, por não haver atendido a um pedido, ou por tão ter cedido a um bobo e pueril capricho, quando esses atos não implicarem comprometimento da dignidade pessoal.Amor frustrado ou naufragado é como toalhas com cheiro de azedo: não perfumam o corpo, quando nos enxugamos, e ainda causam enorme desconforto. Sentir o azedume pode ser uma questão de escolha e de decisão pessoal.

























































Um comentário:

Anônimo disse...

Buscamos uma tribo depois tornamos Heróis de nossa jornada. Muito bom o texto, abraço Cynthia